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Vento Sul

As músicas e as histórias do alentejo profundo

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As músicas e as histórias do alentejo profundo

A BATALHA DE OURIQUE? SE FOI CÁ, AINDA BEM! SE NÃO FOI, OLHA, PACIÊNCIA

 

 

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A Batalha de Ourique é daquelas histórias épicas de que todos os portugueses ouviram falar, mas cuja localização exata continua a ser um mistério. Diz-se que, a 25 de julho de 1139, D. Afonso Henriques enfrentou e venceu cinco reis mouros, tornando-se assim o primeiro rei de Portugal. Até aqui, tudo bem. O problema é que ninguém sabe ao certo onde aconteceu esta célebre batalha. 

Se formos pela versão oficial, a batalha deu-se "em Ourique", o que parece uma informação bastante clara. Mas qual Ourique? O do Baixo Alentejo? Em Campo de Ourique, perto de Leiria? Chão de Ourique, em Penela? Vila Chã de Ourique, no Cartaxo? Ou, ainda, em Campo de Ourique, Lisboa? Nalgum outro Ourique que se perdeu no tempo? 

O mistério persiste: onde é que a história de Portugal virou a esquina e se deu a batalha de Ourique? 

Há historiadores que sugerem que a batalha pode ter ocorrido noutro lado qualquer – Santarém, Beja, até mesmo em Badajoz – o que significa que o primeiro grande triunfo militar de Portugal pode ter sido, na verdade, um problema de GPS medieval. 

Na falta de coordenadas exatas, podemos imaginar D. Afonso Henriques a perguntar aos seus escudeiros: "Mas onde é que raio fica Ourique?" E um pajem qualquer, que nunca saíra da quinta dos avós, a apontar para o horizonte e a dizer: "É logo ali Senhor, depois daquelas oliveiras!".  

Outro detalhe interessante nesta história, é que D. Afonso Henriques terá tido uma visão de Cristo antes da batalha, o que leva a crer que houve aqui (mais uma vez) mãozinha da igreja a fabricar mais um dos seus famosos milagres. Ora, numa altura em que apanhar sol na cabeça o dia todo, dormir ao relento e beber vinho azedo eram práticas comuns, não será de admirar que o bom do Afonso tenha visto algo… Talvez tenha sido mesmo uma aparição divina, talvez apenas um efeito colateral do vinho. Quem nunca teve visões depois de uma noite de excessos? Alexandre Herculano (que era um tipo que não gostava de padres) a propósito do milagre já gritava em pleno século XIX. É mentira deles...é mentira deles! 

Seja como for, o que importa é que vencemos e o nosso primeiro rei saiu de Ourique (seja lá onde for) convencido de que Deus estava do nosso lado. E se há coisa que os portugueses sabem fazer bem é transformar qualquer vitória numa grande epopeia. 

Hoje, Ourique (o Alentejano, pelo menos) honra a batalha com orgulho, e a verdade é que nenhum alentejano se incomoda muito com a falta de provas concretas.  

É como diz o outro! Se foi cá, ainda bem. Se não foi,,, olha paciência.